A Universidade de São Paulo (USP) voltou a conquistar o primeiro lugar no ranking universitário da América Latina do Times Higher Education, após seis anos, encerrando a sequência de cinco anos da Pontificia Universidad Católica do Chile no topo da lista. A USP subiu da segunda para a primeira posição na região, e o Brasil agora ocupa sete das dez primeiras posições, incluindo todas as três primeiras.
A Pontificia Universidad Católica do Chile agora ocupa a quarta posição. A Universidade do Chile permanece na nona posição, e o Tecnológico de Monterrey, do México, caiu da quarta para a sétima posição conjunta.
No geral, 32 das 69 instituições brasileiras ranqueadas melhoraram sua posição na tabela. Parte da razão para o sucesso do Brasil são as mudanças na metodologia de classificação, que agora fornecem uma imagem mais precisa da qualidade da pesquisa das universidades.
Fatores
Pela primeira vez, o Ranking Universitário da América Latina inclui três métricas para acompanhar a qualidade da pesquisa: força de pesquisa, que é baseada no percentual do impacto de citação ponderado por campo; excelência em pesquisa, que mede o volume de pesquisa no topo 10% da pesquisa mundial; e influência da pesquisa, que mede a influência (em termos de citações) dos artigos citantes. Anteriormente, o impacto de citação ponderado por campo era a única medida de sucesso da pesquisa.
Claudio Rama, diretor acadêmico da Universidad de la Empresa, no Uruguai, afirmou que o Brasil há muito tempo é mais forte em pesquisa do que o resto da região: “As universidades públicas [no Brasil] estão focadas em pesquisa, ao contrário do resto da América Latina, que está focado na educação.” O país tem mais financiamento para pesquisa e incentivos e padrões robustos que incentivam a pesquisa de qualidade, acrescentou.
Este ano, 44 instituições brasileiras melhoraram sua classificação no pilar de qualidade da pesquisa. A Universidade de São Paulo agora ocupa o primeiro lugar na região em qualidade de pesquisa, subindo da 38ª posição no ano passado. A Universidade de Campinas agora ocupa o terceiro lugar, subindo da 42ª posição, e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul agora ocupa o sexto lugar, subindo da 28ª posição.
Simon Schwartzman, cientista social brasileiro e autor de “Um Espaço para a Ciência: O Desenvolvimento da Comunidade Científica no Brasil” afirma que um dos fatores no fortalecimento do sistema universitário brasileiro é a mudança no apoio governamental à academia desde a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro de 2022. “Muitas universidades ficaram incapazes de pagar por necessidades básicas como resultado dos cortes orçamentários durante o mandato de Bolsonaro, e professores universitários tiveram seus salários congelados desde 2016”, diz.
De acordo com o cientista, no primeiro ano de seu mandato atual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu aos acadêmicos um aumento salarial de 9% e aumentou o financiamento para bolsas de mestrado e doutorado.