Pesquisa realizada no mestrado em Educação da Universidade Federal de Lavras (UFLA) evidencia que as emoções desempenham um papel significativo nos processos de aprendizagem, podendo influenciar positiva ou negativamente o desenvolvimento acadêmico e escolar.
O estudo foi conduzido pela aluna Michelly da Silva Oliveira Machado, sob a orientação do professor Cláudio Lúcio Mendes, e procurou entender os aspectos anatômicos e fisiológicos do sistema nervoso envolvidos com as emoções e a cognição, isto é, as estruturas neurais e seu funcionamento, no diz respeito aos comportamentos emocionais e aos processos de aprendizagem.
Segundo Michelly, as emoções interferem nos processos de aprendizagem de maneira significativa. “Estar emocionalmente bem facilita a atenção, a memória, a tomada de decisão e a persistência para alcançar objetivos. Além disso, a emoção está intrinsecamente ligada à aprendizagem significativa, influenciando fatores como interesse, alegria, motivação, repetição, curiosidade e necessidades”, explica.
Compreender o funcionamento do cérebro humano, especialmente o papel das emoções, é uma ferramenta imprescindível para profissionais envolvidos no processo de aprendizagem. De acordo com Michelly, a pesquisa vai além do conteúdo disciplinar, destacando a importância da afetividade para o desenvolvimento humano.
“O professor deve preocupar-se tanto com o aprendizado do conteúdo como com o sentimento do aluno em relação ao conteúdo. Ele deve ter a convicção de que as emoções também devem estar na base do processo educativo. A história que a criança traz é construída por toda a bagagem que adquiriu antes de vir para a escola”, ressalta.
Para a pesquisadora, isso exigirá ousadia por parte das escolas e uma preparação teórica bem fundamentada por parte dos professores, além de um profundo compromisso com a promoção do desenvolvimento integral das crianças que se encontram em processo de alfabetização”, afirma Michelly.
Pesquisa
De acordo com Michelly, o estudo acumula conhecimento gerado em pesquisas qualitativas e quantitativas, e oferece uma visão mais crítica sobre a afetividade na educação. A pesquisadora ressalta que o trabalho destaca a importância de ressaltar a afetividade não apenas para os processos de aprendizado, mas também para a formação de professores e a construção de vínculos na comunidade acadêmica.
“Os vínculos afetivos estabelecidos na relação professor-aluno, como revelado pela pesquisa, têm o poder de transmitir segurança e estímulos, moldando positivamente a trajetória de cada estudante. Com essa descoberta, a pesquisa não apenas enriquece o campo acadêmico, mas também contribui para transformações significativas no cenário educacional”, afirma.
O estudo, segundo Michelly, procura abrir novas perspectivas sobre como entendemos e aplicamos as emoções no processo educacional, destacando a necessidade de uma abordagem mais consciente e crítica sobre a afetividade na educação.
Metodologia
A metodologia adotada incluiu revisão bibliográfica e meta-análise, uma ferramenta que possibilita a combinação estatística de resultados de estudos independentes, apresentando-se como procedimento mais eficaz que a tradicional revisão de literatura. Foi realizada uma abordagem qualitativa dos trabalhos publicados no Brasil e no exterior.
Outra ferramenta metodológica utilizada foi o diário de pesquisa, um modo de apresentação, descrição e ordenação das vivências e narrativas da pesquisa. O diário da pesquisa em questão consistiu no registro metódico das reuniões individuais e coletivas de orientação, das disciplinas realizadas durante o Mestrado, de cursos relativos ao tema proposto, e por fim, das experiências acumuladas no âmbito do grupo de pesquisa Educação e Neurociência (ENE) e nas atividades de docência voluntária desenvolvidas nos anos de 2020 e 2021.
Foto: UFLA/Divulgação