Pesquisa Acadêmica

Mulheres são mais afetadas por conflitos entre trabalho e família, aponta estudo da UFMG

Os conflitos entre trabalho e família vivenciados pelas mulheres agravou-se com a pandemia de covid-19, conforme revela pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O estudo, que faz parte do programa de pós-graduação ‘Estudos da Ocupação’, da estudante de mestrado Jacqueline Josiane Gonçalves Ferreira, ouviu 352 mulheres na faixa etária dos 20 aos 65 anos, moradoras de vários estados do Brasil e que exerciam trabalhos remunerados em 2021.

De acordo com Jacqueline, todas responderam a um questionário on-line com perguntas relacionadas a fatores como carga horária, regime de trabalho e nível de escolaridade. 

“Muitas mulheres passaram por incertezas sobre a manutenção do trabalho e em relação à própria saúde e à dos familiares. Muitas adotaram o regime de trabalho remoto, que se associou ao ensino a distância emergencial, que muitos filhos estavam vivenciando. Tudo isso contribuiu para um clima de tensão capaz de afetar o comportamento dessas trabalhadoras, uma vez que, com tudo acontecendo no ambiente da casa, não existe uma barreira muito clara para estabelecer a divisão entre o que é trabalho e o que é família”, destaca Jacqueline, que é terapeuta ocupacional.

Mão dupla
A autora do estudo explica que a maioria das trabalhadoras que responderam ao questionário tinha alto nível socioeconômico e de escolaridade – o que pode ser explicado, em parte, pela necessidade de ter acesso à internet para participar do estudo – e atuava nas áreas da saúde e da educação, ou exercia funções administrativas.

De acordo com Jacqueline, os dilemas vivenciados por essas mulheres são de mão dupla. A pesquisadora ressalta que o conflito trabalho-família ocorre quando as demandas, a atenção e o comportamento relacionados ao trabalho interferem na vivência e nas experiências da família. O conflito família-trabalho, por sua vez, se manifesta nas situações em que o tempo, o comportamento e a tensão relacionados aos papéis e tarefas no ambiente familiar interferem no trabalho.

Segundo a pesquisadora, a ocorrência desses conflitos não se restringe à pandemia e é mais intensa para as mulheres do que para os homens, em razão dos papéis atribuídos pela sociedade a cada gênero. “Enquanto são delegadas majoritariamente a elas as tarefas domésticas e de cuidado, o chamado ‘trabalho reprodutivo’, eles ainda são, em muitos casos, as principais responsáveis pelo ‘trabalho produtivo’, fora do lar, completa.

Foto: UFMG

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