Números Educacionais

Nove milhões de estudantes não completaram o ensino médio

Aproximadamente 9 milhões de brasileiros entre 14 e 29 anos não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término desta etapa ou por nunca a terem frequentado. Os números são do módulo anual sobre Educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE, divulgado nesta sexta-feira (22/03).

Entre os homens a taxa de abandono é de 58,1% e entre as mulheres é de 41,9%. Considerando-se cor ou raça, 27,4% eram brancos e 71,6% eram pretos ou pardos.

Os maiores percentuais de abandono se deram nas faixas a partir dos 16 anos (16,0%), atingindo 21,1% aos 18 anos, idade que também registrou o maior aumento frente a 2019 (5,4 p.p.).

No entanto, “o grande marco da mudança foi a idade de 15 anos que, em geral, é a idade de entrada no ensino médio. Nessa idade, o percentual de jovens que abandonaram a escola (12,6%) quase duplicou frente aos 14 anos de idade (6,6%)”, destaca Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE.

Trabalho e gravidez

Dos jovens de 14 a 29 anos com nível de instrução inferior ao médio completo, 41,7% apontaram a necessidade de trabalhar como fator prioritário para terem abandonado ou nunca frequentado escola em 2023, proporção que subiu 1,5 p.p. em comparação a 2022.

Para 53,4% dos homens nesse grupo etário, o principal motivo para deixar a escola foi a necessidade de trabalhar, seguido pela falta de interesse em estudar (25,5%). Para as mulheres, o principal motivo foi também a necessidade de trabalhar (25,5%), seguido pela gravidez (23,1%) e por não ter interesse em estudar (20,7%).

Além disso, para 9,5% das mulheres, os afazeres domésticos ou o cuidado de pessoas foram o principal motivo para terem abandonado ou nunca frequentado escola, enquanto entre homens, este percentual foi inexpressivo (0,8%).

Faculdade

Apenas um em cada quatro estudantes (21,6%) frequentavam curso superior em 2023. A taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos foi de 30,5% em 2023, percentual próximo ao de 2022. Mas 8,9% estavam atrasados, frequentando a educação básica. Já 4,3% haviam completado o ensino superior e 65,2% não frequentavam escola e não concluíram o nível superior.

Entre os pretos ou pardos no mesmo grupo etário, 26,5% estavam estudando e apenas 16,4% cursavam uma graduação superior. Nessa mesma faixa, 6,5% dos brancos tinham graduação completa, mais que o dobro da proporção de pretos e pardos graduados (2,9%).

Enquanto 57,0% das pessoas brancas com 18 a 24 anos de idade deixaram os estudos sem concluir o ensino superior, para pessoas pretas ou pardas essa taxa chegava a 70,6%. Entre os brancos desse grupo etário, 36,5% estavam estudando e 29,5% estavam no ensino superior.

“Idealmente, as pessoas de 18 a 24 anos de idade estariam no ensino superior, caso completassem o ensino básico na idade adequada. Contudo, o atraso e a evasão escolar estão presentes no ensino fundamental e no ensino médio. Consequentemente, muitos jovens nessas idades já não frequentam mais a escola, ou ainda frequentam o ensino básico obrigatório”, explica a coordenadora.

Em 2023, um percentual maior de mulheres de 18 a 24 anos frequentava a escola (33,4% frente a 27,7% dos homens). Além disso, 25,1% delas eram estudantes de graduação e 5,1% tinham este grau concluído, enquanto, entre os homens, os percentuais foram, respectivamente, 18,3% e 3,5%.

“A Meta 12 do PNE é que a taxa de frequência escolar líquida no ensino superior para a população de 18 a 24 anos suba para 33% até 2024. Em 2023, no Brasil, essa meta havia sido alcançada somente entre as pessoas de cor branca, com taxa de 36,0%. O desafio do país será reduzir essas desigualdades, combatendo o atraso escolar e incentivando a permanência na escola”, completa.

Resumo

  • Entre jovens com 15 a 29 anos de idade, 19,8% não estavam ocupados nem estudando, proporção que era de 14,2% entre os homens e salta para 25,6% entre as mulheres.
  • No grupo etário de 14 a 29 anos, 9,0 milhões não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término desta etapa ou por nunca a terem frequentado. Destes, 27,4% eram brancos e 71,6% eram pretos ou pardos.
  • Para 53,4% dos homens, o principal motivo para deixar a escola foi a necessidade de trabalhar, seguido pela falta de interesse em estudar (25,5%). Para as mulheres, o principal motivo foi também foi a necessidade de trabalhar (25,5%), seguido pela gravidez (23,1%).
  • Cerca de 70,6% dos pretos e pardos com 18 a 24 anos não frequentavam a escola e não concluíram o ensino superior, enquanto entre os brancos nessa faixa de idade, a taxa foi de 57,0%.
  • Entre os brancos de 18 a 24 anos, 36,5% estavam estudando, enquanto entre os jovens pretos e pardos essa taxa era de 26,5%.
  • Cerca de 29,5% dos estudantes brancos com 18 a 24 anos cursavam o ensino superior, taxa que era de 16,4% entre os pretos ou pardos no mesmo grupo etário.
  • O diploma de graduação já havia sido obtido por 6,5% dos brancos com 18 a 24 anos, enquanto entre os pretos e pardos na mesma faixa etária, essa proporção que era menos da metade: 2,9%.

Veja também:

Proporção de jovens de 6 a 14 anos no ensino fundamental cai pelo segundo ano

Uma em cada quatro mulheres de 15 a 29 anos não estudava e nem estava ocupada em 2023

Foto: EBC

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