Um marco para a pesquisa de novos medicamentos antivirais foi alcançado com a criação de um banco de dados online que reúne informações detalhadas sobre 83 plantas medicinais e 205 de seus bioativos. Desenvolvido pela pesquisadora Daniela Quadros de Azevedo, da Faculdade de Farmácia da UFMG, o “Antiviral medicinal plants and natural products database (avMpNp DB)” já está disponível para consulta por pesquisadores de todo o mundo.
A iniciativa, que surgiu durante a pandemia de Covid-19, visa facilitar a busca por opções terapêuticas para diversas doenças virais, incluindo a Covid-19, influenza, dengue, zika, herpes e Mpox. “A ideia da pesquisa surgiu na pandemia, por meio de uma chamada para projetos emergenciais. Naquela época, devido ao distanciamento, as universidades estavam fechadas, havia dificuldade para desenvolver os estudos e para buscar as informações. Daí veio a ideia de um projeto que pudesse ajudar os pesquisadores, facilitando as consultas online”, conta a autora.
O banco de dados reúne informações sobre a eficácia, segurança e usos tradicionais das plantas catalogadas, além de dados químicos e biológicos dos bioativos. Um exemplo é o alecrim do campo, cujas informações no banco de dados podem auxiliar na identificação de bioativos promissores para o desenvolvimento de fármacos.
“As informações do nosso banco de dados já possibilitaram a seleção racional de espécies vegetais e bioativos promissores para estudos in vitro e in vivo. Elas podem ser possíveis protótipos para o desenvolvimento de fármacos antivirais”, explica Daniela Azevedo.
A criação do banco de dados envolveu uma extensa pesquisa bibliográfica e a colaboração de diversos laboratórios e universidades, incluindo o Departamento de Ciência da Computação da UFMG, a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) e a Universidade de San Diego, nos Estados Unidos.
A inovação do projeto reside na criação de um repositório inédito sobre produtos naturais da biodiversidade brasileira com foco no desenvolvimento de antivirais. “Existe uma grande aresta em relação aos medicamentos antivirais, visto que as doenças causadas por vírus costumam ser tratadas com medidas profiláticas, como as vacinas. A intenção é que consigamos fornecer mais material de pesquisa para o desenvolvimento de novos medicamentos e de novos usos para medicamentos já existentes para viroses emergentes e reemergentes”, conclui Daniela Azevedo.
Daniela Quadros e a professora Rachel Castilho no GnosiaH – Foto: Jebs Lima – UFMG