Pesquisa Acadêmica

Pesquisadores da Unifal e da USP descobrem potencial de medicamento para combater estresse

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) revelou que o medicamento rimonabanto pode ser uma promissora ferramenta para reverter os efeitos negativos do estresse sobre a memória e o humor. Em experimentos com ratos, os cientistas observaram que o fármaco foi capaz de restaurar a capacidade de aprendizado e reduzir os sintomas semelhantes à depressão, causados por um período de estresse leve.

A descoberta, publicada na revista científica Behavioural Brain Research, abre novas perspectivas para o tratamento de doenças como a depressão, que frequentemente se manifestam com dificuldades de concentração e perda de interesse pelas atividades do dia a dia. “Nossos resultados sugerem que o rimonabanto pode ser uma nova alternativa terapêutica para problemas cognitivos associados à depressão e a outras doenças neurodegenerativas”, explica a pesquisadora Silvia Graciela Ruginsk Leitão, coordenadora do estudo.

Como funciona?

O rimonabanto atua bloqueando os receptores canabinoides tipo 1 (CB1) no cérebro, que estão envolvidos na regulação do humor, da memória e da ansiedade. O estresse crônico pode alterar o funcionamento desses receptores, contribuindo para o desenvolvimento de problemas cognitivos e emocionais. Ao bloquear esses receptores, o rimonabanto parece reverter os efeitos do estresse, restaurando as funções cerebrais normais.

Próximos passos

Os pesquisadores ressaltam que os resultados obtidos em animais ainda precisam ser confirmados em estudos clínicos com humanos. “No entanto, nossas descobertas são muito promissoras e abrem caminho para novas pesquisas nessa área”, afirma Luana Aparecida Chagas, autora principal do estudo.

A equipe agora pretende investigar os efeitos do canabidiol, outra substância derivada da cannabis, na função cerebral. “O canabidiol também atua nos receptores CB1, mas de forma diferente do rimonabanto. Acreditamos que essa substância possa ter um potencial terapêutico ainda maior”, explica Leitão.

Importância da pesquisa

A descoberta dos pesquisadores brasileiros é importante porque oferece uma nova perspectiva para o tratamento de doenças relacionadas ao estresse, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Além disso, a pesquisa destaca o potencial terapêutico de substâncias derivadas da cannabis, que têm sido cada vez mais estudadas nos últimos anos.

A pesquisa é parte da tese de doutorado da discente Luana Aparecida Chagas, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biociências Aplicadas à Saúde (PPGB) da UNIFAL-MG. O estudo conta com a orientação da docente Silvia Graciela Ruginsk Leitão, do Departamento de Ciências Fisiológicas do Instituto de Ciências Biomédicas da UNIFAL-MG, com a participação de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) Lucila Leico Kagohara Elias e José Antunes Rodrigues, e das estudantes do curso de Medicina Jessica Cristine Trentini Penna e Julia Forchero Gonçalves. Os resultados foram publicados em artigo no periódico científico Behavioural Brain Research em outubro (2) deste ano. 

Foto: Reprodução/Canva Education (Imagem ilustrativa)

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