Pesquisa inovadora da Universidade Federal de Lavras (UFLA) apresenta uma descoberta que promete revolucionar a forma como avaliamos a qualidade dos azeites de oliva. Em sua tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, Amanda Souza Anconi desenvolveu um método capaz de determinar parâmetros cruciais como acidez e oxidação do azeite utilizando apenas smartphones e aplicativos gratuitos.
A técnica consiste em capturar imagens de soluções coloridas, obtidas a partir de reações químicas específicas. Essas imagens são então analisadas por algoritmos de inteligência artificial, que identificam padrões na cor e os correlacionam com os índices de qualidade do azeite. Os resultados são surpreendentes: os modelos matemáticos desenvolvidos conseguem prever a qualidade do azeite com precisão superior a 97%, utilizando apenas uma pequena fração dos produtos químicos empregados nos métodos tradicionais.
“Normalmente, bons métodos analíticos fornecem valores de R² próximos de 1. Obtivemos valores de 0,97 para IP e 0,99 para AL, indicando que os dados estão altamente ajustados ao modelo linear. Os erros baixos também confirmaram que os resultados são muito próximos aos obtidos pelo método oficial, comprovando a alta eficiência preditiva dos modelos”, afirmou a pesquisadora.
Menos química
A nova abordagem representa um avanço significativo em termos de sustentabilidade. Ao reduzir drasticamente o uso de reagentes químicos, a técnica minimiza o impacto ambiental e os custos associados à análise de azeites. Além disso, o processo é mais simples e rápido, tornando a avaliação da qualidade mais acessível para produtores e consumidores.
“Essa abordagem significa um movimento em direção ao desenvolvimento de métodos mais limpos e rápidos, oferecendo benefícios tanto para produtores, que precisam garantir que seu produto atenda às normas de qualidade, quanto para consumidores”, explica Amanda.
Futuro promissor para a olivicultura
O Brasil, apesar de ser um grande importador de azeite, possui um potencial considerável para o desenvolvimento da olivicultura. Atualmente, o país produz menos de 1% da demanda nacional de consumo, estabelecendo-se como um dos principais importadores desse produto no mundo. Apesar dessa baixa produção, o azeite brasileiro tem se destacado pela alta qualidade. A pesquisa da UFLA contribui para fortalecer o setor, oferecendo uma ferramenta poderosa para garantir a qualidade dos produtos nacionais e impulsionar a competitividade no mercado global.
Impacto científico
A pesquisa, Amanda Souza Anconi, sob orientação do professor Cleiton Antônio Nunes, já foi publicada em renomadas revistas científicas e recebeu destaque em importantes veículos de comunicação. Os resultados obtidos demonstram o alto nível da pesquisa brasileira na área de alimentos e abrem novas perspectivas para o desenvolvimento de métodos analíticos mais eficientes e sustentáveis.
A utilização de smartphones e inteligência artificial para avaliar a qualidade de azeites de oliva representa um marco importante na área de análise de alimentos. Essa inovação demonstra o potencial da ciência para desenvolver soluções mais sustentáveis e eficientes, contribuindo para um futuro mais promissor para a produção e o consumo de alimentos de qualidade.
Foto: UFLA/Divulgação