A busca por conhecimento transcende gerações. Prova disso é a crescente participação de pessoas com mais de 60 anos realizando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na edição de 2024, quase 10 mil idosos desafiaram os números e decidiram realizar a prova, demonstrando que a vontade de aprender e se desenvolver acompanha o ser humano em todas as fases da vida, desafiando estereótipos e inspirando milhares de brasileiros.
Maria Elisabete, de 79 anos, é um exemplo dessa nova realidade. Motivada pelo desejo de escrever um livro, ela decidiu realizar o Enem e ingressar no curso de Letras. “As pessoas acham que aposentados ficam sentados em casa olhando para as paredes, mas eu gosto muito de ler, estudar e aprender. Eu quero renovar o meu mundo de conhecimento e, por isso, estou participando do Enem este ano”, afirma. Sua história reflete a de milhares de idosos que buscam na educação uma forma de renovar suas vidas e realizar seus sonhos.
Dos 4,3 milhões de candidatos confirmados, 2,9 milhões (67%) têm até 18 anos; 420 mil (9,7%) têm entre 19 e 20 anos; 639 mil (14,8%) têm entre 21 e 30 anos; 350 mil (8,1%) têm entre 31 e 59 anos; e quase 10 mil (0,23%) têm mais de 60 anos. Apesar de representar menos de 1% dos participantes, o número de pessoas com mais de 60 anos que realizam o Enem é o maior da série histórica desde 2020: são 9.950 idosos. Destes, 558 estão cursando o ensino médio na modalidade de educação para jovens e adultos (EJA).
Crescimento
Os dados do Censo da Educação Superior 2023, divulgado no último mês, confirmam essa tendência. O número de matrículas de estudantes com 60 anos ou mais nas universidades brasileiras aumentou significativamente nos últimos anos. De acordo com a pesquisa, o Brasil registrou 9.977.217 matrículas nos cursos de graduação e sequenciais de formação específica — presenciais e a distância. Desse total, 60.735 matrículas foram de estudantes com 60 anos ou mais. Quase metade dos alunos nessa faixa etária (30.692) ingressaram no ensino superior em 2023.
O aumento de pessoas idosas que resolvem realizar o Enem e ingressar na educação superior acompanha uma elevação da expectativa e qualidade de vida dos brasileiros. De acordo com o Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de habitantes com 60 anos ou mais é de 32,1 milhões, enquanto em 2010 era de 20,5 milhões.
O Enem, por sua vez, tem desempenhado um papel fundamental nesse processo. Ao longo de suas duas décadas de existência, o exame se tornou a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, oferecendo oportunidades para pessoas de todas as idades.
Transformação
- Desafios aos estereótipos: A participação de idosos no Enem quebra com a ideia de que a educação é restrita à juventude.
- Inclusão e oportunidades: O exame se consolida como uma ferramenta de inclusão social, oferecendo oportunidades para pessoas de diferentes faixas etárias.
- Envelhecimento ativo: A busca por conhecimento na terceira idade é um sinal de um envelhecimento ativo e saudável.
- Futuro promissor: O aumento do número de idosos nas universidades indica um futuro mais promissor para o país, com uma população mais qualificada e engajada.
Os benefícios da educação na terceira idade
Os benefícios da educação para os idosos são inúmeros. Além de promover o desenvolvimento cognitivo e a aquisição de novas habilidades, o estudo contribui para a saúde mental, a autoestima e a socialização. Ao ingressarem no ensino superior, os idosos têm a oportunidade de ampliar seus conhecimentos, fazer novas amizades e encontrar um novo propósito de vida.
Enem
O Enem é a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, e os idosos estão aproveitando essa oportunidade para realizar seus sonhos. Ao conquistar uma vaga na universidade, eles podem dar um novo rumo à sua vida profissional, realizar pesquisas, participar de projetos sociais ou simplesmente se dedicar aos seus interesses pessoais.
A história dos idosos que desafiam a idade e conquistam as salas de aula é inspiradora e nos mostra que a educação é um direito de todos, em qualquer fase da vida. Ao investir em sua formação, os idosos contribuem para uma sociedade mais justa, igualitária e longeva.
Foto: MEC/Divulgação