Um estudo realizado pelo enfermeiro Marco Aurélio de Sousa, do Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) trouxe à tona dados preocupantes sobre a saúde sexual e reprodutiva de adolescentes brasileiros. A pesquisa, que analisou dados de mais de 36 mil estudantes de 13 a 17 anos, revelou que, embora a maioria dos jovens sexualmente ativos utilize métodos contraceptivos, houve uma queda no uso desses métodos entre 2015 e 2019. O preservativo masculino (70,3%) e a pílula anticoncepcional (24,8%) foram os métodos mais utilizados pelos adolescentes.
O estudo identificou fatores que influenciam o uso de métodos contraceptivos entre os adolescentes. Jovens que vivenciaram violência doméstica, importunação ou abuso sexual, por exemplo, tendem a utilizar menos métodos contraceptivos modernos. Por outro lado, o apoio dos pais e a supervisão familiar se mostraram como fatores positivos para a adoção de práticas mais seguras.
A pesquisa também revelou um aumento no uso de contracepção de emergência, especialmente entre meninas, adolescentes mais velhas e aquelas que já buscaram serviços de saúde. No entanto, o acesso a esse método ainda é desigual, com maior utilização nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Desigualdade que também está presente no acesso à contracepção. Adolescentes que residem em estados com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Índice Sociodemográfico (SDI) tendem a utilizar mais métodos contraceptivos modernos. Além disso, a vacinação contra o HPV se mostrou associada a um maior uso de métodos contraceptivos.
De acordo com o autor da pesquisa, Marco Aurélio de Sousa, os resultados indicam a necessidade de ampliar o acesso a diferentes métodos contraceptivos para os adolescentes brasileiros, garantindo que eles tenham opções eficazes e adequadas às suas necessidades. Além disso, o fortalecimento de ações de educação sexual nas escolas e nos serviços de saúde é fundamental para que os jovens possam tomar decisões mais conscientes e seguras sobre sua vida sexual. A tese de doutorado teve como objetivo investigar o padrão e os fatores individuais, intrapessoais, comunitários e contextuais associados ao uso de métodos contraceptivos por adolescentes.
Fatores que influenciam a escolha e a utilização dos métodos contraceptivos
- Sexo: Meninos apresentaram uma taxa ligeiramente maior de uso de métodos modernos em comparação às meninas.
- Idade: Adolescentes mais jovens (13 a 15 anos) utilizaram menos métodos contraceptivos em comparação aos mais velhos (16 e 17 anos).
- Violência: Adolescentes que vivenciaram violência doméstica, sexual ou importunação sexual apresentaram menor propensão ao uso de métodos contraceptivos.
- Acesso à saúde: Aqueles que procuraram serviços de saúde no último ano demonstraram maior uso de métodos contraceptivos.
- Contexto social: Adolescentes de famílias com maior supervisão parental e que moram em áreas com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tendem a utilizar mais métodos contraceptivos.
Foto: Unsplash/ Health Supplies Coalition