Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) revelou um cenário preocupante para agricultores que trabalham com o cultivo de café no sul de Minas Gerais. Durante cinco anos, o estudo analisou amostras biológicas de trabalhadores rurais e de um grupo de controle, em que foram detectados níveis elevados de fungicidas triazóis na urina dos profissionais do campo, além de alterações celulares e hormonais significativas.
Os pesquisadores da UNIFAL-MG utilizaram ferramentas de toxicologia computacional para avaliar os efeitos dos agrotóxicos no organismo humano e constataram que a exposição a esses produtos químicos pode causar danos ao DNA, desequilíbrio oxidativo e alterações hormonais nos trabalhadores.
Impacto na saúde e riscos para a população
Os resultados da pesquisa indicam que a exposição aos fungicidas triazóis, utilizados no controle de doenças nas plantações de café, representa um risco significativo para a saúde dos agricultores. As substâncias químicas podem causar diversos problemas de saúde, como danos ao fígado, rins e sistema nervoso, além de aumentar o risco de desenvolvimento de câncer.
A coordenadora da pesquisa, a toxicologista Isarita Martins Sakakibara, alerta para a necessidade de estabelecer limites mais rigorosos para a exposição a agrotóxicos no Brasil. “Os resultados da nossa pesquisa fornecem subsídios importantes para que os gestores públicos possam reavaliar as normas que regulamentam o uso de agrotóxicos no país e garantir a proteção da saúde dos trabalhadores rurais”, afirma a pesquisadora.
Toxicologia computacional: uma nova ferramenta para avaliar riscos
A pesquisa da UNIFAL-MG também destacou a importância da toxicologia computacional como ferramenta para avaliar os riscos à saúde humana causados pela exposição a substâncias químicas. Essa abordagem permite simular os efeitos de diferentes substâncias no organismo humano, reduzindo a necessidade de realizar testes em animais.
“A toxicologia computacional é uma ferramenta poderosa que nos permite identificar os potenciais riscos de novas substâncias químicas de forma mais rápida e eficiente”, explica Isarita Sakakibara. “Essa tecnologia pode contribuir para o desenvolvimento de produtos químicos mais seguros e para a proteção da saúde humana e do meio ambiente.”
O futuro da agricultura e a saúde dos trabalhadores
Os resultados da pesquisa levantam importantes questionamentos sobre o modelo atual de produção agrícola e os seus impactos na saúde dos trabalhadores rurais. É fundamental que sejam adotadas medidas para reduzir a exposição dos agricultores a agrotóxicos e promover práticas agrícolas mais sustentáveis.
A busca por alternativas mais seguras ao uso de agrotóxicos, como o controle biológico de pragas e o desenvolvimento de variedades de plantas mais resistentes a doenças, é fundamental para garantir a saúde dos trabalhadores e a produção de alimentos mais saudáveis.
Resumo
- Pesquisa da UNIFAL-MG revela altos níveis de fungicidas na urina de agricultores de café.
- Exposição aos agrotóxicos causa danos à saúde, como alterações celulares e hormonais.
- Toxicologia computacional é uma ferramenta importante para avaliar riscos.
- É preciso estabelecer limites mais rigorosos para a exposição a agrotóxicos.
- Buscar alternativas mais seguras ao uso de agrotóxicos é fundamental.
Foto: Site Unifal