Enquanto a Amazônia é mundialmente conhecida por suas vastas florestas alagadas, um estudo inédito trouxe à tona a importância desses ecossistemas também no Sudeste do Brasil. Pesquisadores do Laboratório de Fitogeografia e Ecologia Evolutiva do Programa de Pós-Graduação em Botânica Aplicada da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em parceria com em parceria com a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) e a Universidade de Zurique, na Suíça, revelaram que as florestas sazonais alagadas de Minas Gerais, que inundam durante as estações chuvosas, são altamente sensíveis às mudanças climáticas.
Essas florestas desempenham um papel fundamental na regulação do clima e na manutenção da biodiversidade. No entanto, os pesquisadores constataram que a frequência e a duração das cheias são fatores cruciais para a saúde desses ambientes. Alterações no regime de chuvas, como as longas estiagens, podem comprometer a capacidade dessas florestas de controlar a erosão, purificar a água e regular o clima local e global.
Impactos das mudanças climáticas
A pesquisa foi realizada em seis regiões do estado, na foz dos rios Capivari, Jacaré e Aiuruoca, na bacia do Rio Grande; Jequitaí, Verde Grande e Carinhanha, na bacia do São Francisco. Essas regiões cobrem uma área de quase 800 mil km2 e abarcam uma grande biodiversidade. Ao longo de sua extensão, encontram-se três biomas: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
O resultado do estudo mostrou que as alterações no ciclo hídrico, como as longas estiagens, podem ter consequências graves para essas florestas e para a sociedade. A perda dessas áreas pode comprometer o controle da erosão, a regulação do ciclo da água, a purificação de água e até mesmo o clima local e global. Além disso, a população local pode sofrer com a diminuição do acesso à água, a redução da pesca e da agricultura, e o comprometimento do funcionamento de usinas hidrelétricas.
Uma riqueza ameaçada
As florestas alagadas de Minas Gerais abrigam uma grande biodiversidade, com diferentes espécies adaptadas a cada tipo de ambiente. A pesquisa identificou que as áreas mais próximas aos rios, que sofrem inundações mais frequentes, possuem uma composição de plantas distintas das áreas mais altas.
A importância da pesquisa
A pesquisa, que envolveu um monitoramento de um ano e meio, é a primeira a analisar em profundidade a relação entre o regime de inundações, as condições ambientais e a biodiversidade das florestas alagadas de Minas Gerais. Os resultados obtidos demonstram a importância desses ecossistemas para o equilíbrio ambiental e socioeconômico da região. Esses resultados podem auxiliar na criação de políticas públicas para a conservação dessas áreas e na mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
O que podemos fazer?
A preservação das florestas alagadas é fundamental para garantir a saúde do planeta e o bem-estar das futuras gerações. Algumas ações que podem contribuir para a conservação desses ecossistemas são:
- Redução das emissões de gases de efeito estufa: A diminuição das emissões é fundamental para conter o avanço das mudanças climáticas e seus impactos nos ecossistemas.
- Proteção das áreas de nascentes e matas ciliares: Essas áreas são fundamentais para a regulação do fluxo hídrico e a proteção dos rios.
- Criação de unidades de conservação: A criação de áreas protegidas garante a preservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.
- Incentivo a práticas agrícolas sustentáveis: A adoção de práticas agrícolas que minimizem os impactos ambientais é fundamental para a conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade.
A preservação das florestas alagadas é um desafio que exige a colaboração de todos. Ao entender a importância desses ecossistemas e adotar práticas mais sustentáveis, podemos garantir um futuro mais saudável para o planeta e para as próximas gerações.
Foto: UFLA/Divulgação