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Bets: neurocientista da UFMG alerta para aumento de casos de ansiedade e depressão

A febre das apostas online no Brasil é inegável. Com a crescente popularização, impulsionada por campanhas publicitárias massivas, milhões de brasileiros estão se aventurando nesse universo virtual em busca da tão almejada fortuna rápida. No entanto, por trás desse cenário de euforia e ganância, esconde-se um problema cada vez mais grave: o vício em jogos de azar e suas consequências para a saúde mental.

O professor e neurocientista, Bruno Resende, alerta que o vício em apostas vai muito além de um simples problema financeiro. Ele chama a atenção para o aumento no número de transtorno de ansiedade e depressão. “Esses indivíduos que estão viciados, que estão entrando num processo de direcionamento de comportamento para alguma coisa que é frustrante, vai aumentar os níveis de transtorno de ansiedade e vai aumentar os índices de depressão, porque esses jogos levam à frustração e, com isso, você piora o seu ambiente, ficando mais agressivo”, afirma, em entrevista à TV UFMG.

Estudo recente do Banco Central (BC) revelou dados alarmantes: 24 milhões de brasileiros realizaram apostas online nos primeiros oito meses de 2024. Somente no último mês do levantamento, as Bets movimentaram R$ 21 bilhões. A promessa de enriquecimento fácil e rápido é um atrativo irresistível para muitos, mas a realidade é bem diferente.

O neurocientista afirma que os jogos estimulam a expectativa de ganhar, o que é perigosíssimo, porque o cérebro sempre tem a tendência de sempre achar padrões. “Quando acha um padrão que dá recompensa no final, ele vai atrás, ele vai direcionar seu comportamento para aquilo, como qualquer aspecto fisiológico que tem no dia a dia. Você experimentou uma comida gostosa, você achou um padrão. Da próxima vez você vai querer de novo aquela comida gostosa. Relação sexual, achou um padrão, vai tentar de novo”, explica.

De acordo com Bruno Resende, os sites de apostas são a mesma coisa, ao fazerem as pessoas sentirem uma boa sensação quando ganha. “Você arriscou em uma coisa que, teoricamente, não tinha tantas chances e ganhou. Então você diz: ‘Ual! Nossa, como sou sortudo!’ Achou um padrão”, ressalta. Bruno Resende salienta que a probabilidade de ganhar uma aposta no começo é maior e depois vai diminuindo. “Mas esta diminuição de chances te faz ficar empolgado. Você fala: ‘Agora vai dar certo’. E você vai aumentando seu comportamento de risco. Porque funcionou antes e seu cérebro diz: ‘deu certo antes, uma hora vai dar de novo’.

Segundo o neurocientista, há diferentes probabilidades de criar o vício, porque o vício não é a mesma coisa para todas as pessoas. “Não são todas as pessoas que quando utilizarem a Bet, vão ficar viciadas em Bets. Assim como nem todas as pessoas que usarem cocaína vão ficar viciadas em cocaína. Depende de todo um contexto biológico, genético, fisiológico e ambiental”, ressalta. Bruno Resende explica que uma das coisas que faz com que as pessoas tenham muita dificuldade é a vulnerabilidade social. Pessoas que têm menos renda, que têm mais estresse na vida, que tem menos prazeres na vida, acabam direcionando o comportamento para algo que seja fácil. “Então, nesse aspecto, é muito difícil uma pessoa parar de utilizar, se ela não tiver outros aspectos na vida que te dão prazer”, .Completa.

Foto: EBC

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