Um novo método para o diagnóstico de tuberculose, com o uso da inteligência artificial (IA), pode aumentar a acurácia da baciloscopia, técnica mais usada para identificar a doença atualmente. No exame convencional, o processo de observar e contar os bacilos causadores da infecção é realizado com o uso de um microscópio, e a precisão do resultado depende da experiência do profissional, que faz o trabalho manualmente.
A pesquisa foi desenvolvida pelo analista de sistemas Thales Francisco Mota Carvalho em seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Thales, que é professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), trabalhou com o deep learning, ou aprendizado profundo da máquina (em tradução livre), e vários modelos de redes neurais convolucionais, usadas no reconhecimento de padrões presentes em imagens, para localizar e contabilizar os bacilos presentes em amostras usadas na baciloscopia. O método oferece ao profissional uma prévia do que vai encontrar.
Os resultados dos testes em laboratório foram considerados satisfatórios: quando o examinador conta com o recurso da IA, o processo é mais rápido e menos cansativo para o técnico. Agora, a ideia é reforçar os testes, que foram realizados no Laboratório de Micobactérias da Faculdade de Medicina da UFMG, e posteriormente expandir para outros locais do país, tendo como meta disponibilizar essa tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Estudo interdisciplinar
O estudo foi realizado sob orientação do professor Frederico Gadelha Guimarães, do Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica, e coorientação da professora Silvana Spíndola de Miranda, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, e do professor Ricardo de Oliveira Duarte, do Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG. A pesquisa também envolve parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e participação do professor João Victor Gomide, da Fumec.
A tuberculose é uma doença infecciosa transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. A transmissão se dá por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos durante a tosse, fala ou pelo espirro de uma pessoa infectada. Segundo o Ministério da Saúde, anualmente são notificados 80 mil casos no Brasil.
Texto: UFMG
Foto: Thales Carvalho | UFMG