Entre 2016 e 2019, o Sistema Único de Saúde (SUS) do município de Alfenas (MG) gastou mais de R$ 27 milhões com tratamento de doenças crônicas associadas à obesidade. O levantamento faz parte de um estudo da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), que sugere o quanto a prevenção do sobrepeso e da obesidade pode reduzir os gastos de saúde com os tratamentos de doenças cardíacas, câncer, diabetes, entre outras.
A pesquisa “Custo de doenças associadas à obesidade no sistema único de saúde em Alfenas, Minas Gerais” é resultado da dissertação de mestrado da acadêmica Beatriz Cavalcante de Oliveira Barros. A proposta, segundo Beatriz, foi apontar dados que pudessem subsidiar as tomadas de decisões de forma mais eficaz a fim de otimizar a alocação de recursos públicos para a saúde.
“Os resultados demonstraram o quanto o excesso de peso e a obesidade afetaram a população de Alfenas, contabilizando o sacrifício econômico utilizado para tratamento de outras comorbidades que tinham essa prevalência”, destaca.
O total de gastos mensurado foi de R$ 27.432.500,80 sendo que, deste valor, aproximadamente 87% são referentes ao tratamento de pessoas que se autodeclararam acima do peso durante os anos de 2016 a 2019.
De acordo com Beatriz, a análise envolveu custos com tratamento das comorbidades: diabetes mellitus tipo 2, câncer colorretal, câncer de próstata, câncer de ovário, câncer de pâncreas, câncer de esôfago, hipertensão, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, embolia pulmonar, acidente vascular cerebral, asma, cálculos biliares e osteoartrose.
“Durante o período estudado, a comorbidade com maior prevalência apresentada foi a doença arterial coronariana em ambos os sexos. As menores prevalências foram observadas no gênero masculino, nas comorbidades asma e hipertensão. Em relação ao gênero feminino, destacaram-se o câncer de esôfago, câncer de pâncreas e hipertensão”, detalha.
Segundo dados da pesquisa, o custo da obesidade impacta sobre os recursos públicos disponíveis para as demais ações executadas pela rede pública de saúde, o que limita o alcance e a execução de ações fundamentais no campo da prevenção de doenças e promoção da saúde.
“Considerando que o SUS é um sistema de acesso universal e que tem como um dos princípios a integralidade da atenção, é fundamental para a rede pública municipal observar o quanto o crescimento de casos de excesso de peso e obesidade impacta sobre toda a rede de atendimento e afeta os modos de operacionalização do próprio sistema”, afirma o orientador da pesquisa, professor Marcelo Rezende.
Para o pesquisador, sabendo que doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) geram custos aos sistemas de saúde e às economias nacionais, é necessário priorizar ações que possam reduzir o impacto dessas doenças para os sistemas de saúde. “Levantamentos sobre o custo da obesidade em nível local podem servir de base para o planejamento e a execução de ações mais efetivas para o enfrentamento à obesidade”, explica.
População estudada
De acordo com o estudo, ao longo dos quatro anos analisados, 2.473 pessoas maiores de 18 anos deram entrada nas Unidades Básicas de Saúde da cidade se autodeclarando acima do peso, o equivalente a aproximadamente 12% dos cadastros realizados. O número de casos de obesidade foi maior entre o gênero feminino, com 1.566 cadastros. Os registros do gênero masculino contabilizaram 907 cadastros.
O recorte feito na pesquisa abarcou dados referentes aos adultos, com 18 anos ou mais, residentes na cidade de Alfenas, a partir dos dados cadastrais da população nas Unidades Básicas de Saúde, obtidos junto a Secretaria Municipal de Saúde.
Foto ilustrativa – Banco de imagens/Canva Education)