Sessenta e quatro pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) são listados em ranqueamento dos cientistas mais influentes do mundo produzido na Stanford University (EUA) com dados da base Scopus, da editora Elsevier, e divulgado neste mês.
As instituições brasileiras têm 1.294 entre os 100 mil mais influentes ou na faixa dos 2% melhores em suas respectivas áreas de conhecimento, no ano de 2022. A lista reúne 210.198 nomes, e os pesquisadores vinculados a instituições brasileiras representam 0,61% do total (o país está na 25ª posição).
A UFMG é a primeira universidade federal no ranqueamento e a quarta entre todas as brasileiras, depois das estaduais paulistas. O estudo também resultou em uma lista dos cientistas mais influentes ao longo da carreira. Nesse caso, a UFMG tem 46 pesquisadores classificados, aparecendo também entre as quatro universidades brasileiras mais bem posicionadas.
“Essa lista, apesar de limitada em sua análise e com um viés que privilegia algumas áreas do conhecimento, confirma a relevância crescente da pesquisa produzida na UFMG, que tem merecido o reconhecimento do meio acadêmico nacional e internacional e da sociedade. Mesmo com as severas restrições orçamentárias que tivemos nos últimos anos, a UFMG se destaca no cenário nacional, demonstrando a qualidade e o impacto das universidades públicas, que precisam cada vez mais de investimento para cumprir sua inestimável função social”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
Maior impacto
O número de pesquisadores da UFMG ranqueados cresce, ano a ano, mais rapidamente que o número total de pesquisadores da Universidade e que a quantidade de trabalhos publicados, o que denota elevação significativa de citações e, portanto, aumento da qualidade e do impacto da nossa produção”, enfatiza o professor Fernando Reis, pró-reitor de Pesquisa. Na primeira lista, divulgada em 2017, a UFMG contava com 18 cientistas com produção de alto impacto – cinco anos depois, esse número é 3,5 vezes maior.
Ainda segundo Reis, o ranking não considera autocitações e valoriza muito mais os trabalhos em que o pesquisador aparece como protagonista, e não apenas como colaborador.
Criado pelo professor John Ioannidis, o ranqueamento mede o impacto da pesquisa, levando em consideração parâmetros como o índice H de citação, o índice Hm de citação em coautoria e o número de artigos com citações em vários campos do conhecimento. Os cientistas são classificados em 22 campos e 174 subcampos, segundo o padrão Science-Metrix.
Limitações
“Os critérios que regem essa classificação criam um viés que privilegia a cultura científica baseada nas citações e obras em coautoria, modus operandi que está mais em consonância com as ciências naturais, da vida, da terra e as engenharias”, ressalta o professor Dawisson Lopes, diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais da UFMG, ao abordar as limitações da lista elaborada em Stanford.
Outro aspecto que precisa ser considerado, segundo ele, é que o repositório Scopus, do qual se extraem as informações, abriga muito mais publicações em língua inglesa, o que acaba favorecendo pesquisadores de determinados países.
Fernando Reis ressalta que, apesar de o ranking vir refinando seus critérios – pondera fatores e filtra citações pela relevância –, ainda se baseia em coleta de dados em massa, de forma automatizada. Além disso, segundo ele, reforçando o argumento de Dawisson Lopes, as ciências humanas, campo em que a UFMG também é muito forte, não são consideradas da mesma forma que as naturais e as tecnologias. “Embora todas as áreas do conhecimento sejam alcançadas, a métrica não foi desenhada para dimensionar a influência de obras de referência, como livros-texto e tratados”, ele salienta.
Responsabilidade aumentada
A professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem, é a pesquisadora da UFMG mais bem pontuada no ranqueamento atual e a décima no critério de carreira. “O destaque alcançado, mais uma vez, pela Universidade aumenta a nossa responsabilidade, tanto para assegurar que nosso trabalho faça cada vez mais sentido para a sociedade quanto para continuar contribuindo com a formação de novas gerações de pesquisadores. Temos um longo caminho a percorrer e devemos lutar por mais verbas para a produção de ciência, que é fundamental para o Brasil”, diz a professora, que tem sido reconhecida no Brasil e no mundo (leia o perfil sobre ela publicado no Portal UFMG).
Além da professora Deborah Malta, a classificação dos 10 cientistas mais influentes da UFMG em 2022 tem, pela ordem, os professores Herman Mansur (Escola de Engenharia), Robson Santos (Instituto de Ciências Biológicas – ICB), Geraldo Wilson Fernandes (ICB), Maria Isabel Toulson Davisson Correia (Faculdade de Medicina), Ado Jorio (Instituto de Ciência Exatas – ICEx), Antonio Luiz Pinho Ribeiro (Faculdade de Medicina), Mauro Martins Teixeira (ICB), Marcos Pimenta (ICEx) e Ary Teixeira Oliveira-Filho (ICB).
O professor Virgílio Almeida, do Departamento de Ciência de Computação (DCC) do ICEx, não está na lista da UFMG, mas aparece vinculado à Harvard University (EUA). Em razão de um possível erro do levantamento, o professor Antônio Luiz Pinho Ribeiro figura duas vezes na relação da UFMG.
Veja a lista dos cientistas mais influentes em 2022 e a lista dos mais influentes na carreira.