Um novo grupo de pesquisa do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai investigar os mecanismos celulares e moleculares associados a disfunções no sistema nervoso, bem como das implicações dessas disfunções nos órgãos e sistemas do corpo humano.
Denominado de NeuroNano – Neurociências e Nanotecnologia, o objetivo do grupo é promover a colaboração entre esses dois campos científicos com a finalidade de contribuir para impactar positivamente a compreensão e o tratamento de distúrbios do sistema nervoso, melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas e desenvolver abordagens terapêuticas inovadoras e aplicações práticas das descobertas científicas nos setores da saúde e da indústria farmacêutica.
O professor do Departamento de Fisiologia e Biofísica, coordenador do NeuroNano, Andre Massensini, explica que as neurociências são um conjunto de disciplinas que estudam o sistema nervoso e suas funcionalidades, responsáveis pelas atividades voluntárias ou involuntárias, assim como pelo comportamento e pelas emoções humanas.
No que diz respeito à nanotecnologia, Andre Massensini diz que o foco está na melhoria das características de nanopartículas existentes, que são utilizadas no desenvolvimento de novas moléculas como nanocarreadores – moléculas muito pequenas, com dimensão entre 10 e 100 nanômetros (nm), desenvolvidas para apresentar propriedades físico-químicas apropriadas para o tratamento de doenças por meio do transporte de algum agente para dentro da célula.
O grupo já tem resultados que mostram o potencial de uso de lipossomas carreando angiotensina-(1-7) e também resultados com nanopartículas de ouro para o tratamento de derrame cerebral, por exemplo. Para se ter ideia do tamanho reduzido dessas estruturas, 1 milímetro é igual a 1 milhão de nanômetros.
Financiamentos
A formalização do grupo de pesquisa, por meio do registro no CNPq, facilitará o acesso a financiamentos que viabilizarão a busca por soluções capazes de elevar a presença internacional da pesquisa brasileira nos melhores fóruns científicos estrangeiros, sempre visando a novas abordagens de tratamento de doenças do sistema nervoso, como as neurodegenerativas e neurovasculares. Como possibilidades promissoras desse campo, André Massensini cita o desenvolvimento de nanocompostos que possam transportar agentes neuroprotetores que superem desafios críticos relacionados à biocompatibilidade, biodegradabilidade, distribuição e localização no tecido-alvo, condições cruciais para identificar novos tratamentos.
“A pesquisa será conduzida de forma colaborativa, envolvendo parcerias com centros e grupos de pesquisa de excelência, tanto no Brasil quanto no exterior”, diz o coordenador, destacando os benefícios relacionados à formação de novos pesquisadores, nos níveis de graduação e pós-graduação. “Investir nesses estudos e fomentar a criação de mais grupos de pesquisa brasileiros nesse campo é uma necessidade estratégica para o Brasil”, afirma Massensini, que foi pró-reitor de Pesquisa da UFMG.
Foto: UFMG