A educação abre portas e amplia horizontes. Esta é uma máxima que tem muito mais significado para quem está privado de liberdade. Este é o caso dos internos da APAC (Associação de Assistência aos Condenados). Na unidade masculina em Pouso Alegre (MG), dos 200 recuperandos, cerca de 139 estão estudando, seja fazendo o Ensino Fundamental, Médio ou faculdade.
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O encarregado administrativa da APAC, Ronaldo Coutinho, afirma que a educação é um dos pilares da entidade na recuperação dos detentos. “O nosso objetivo é prepará-lo aqui, para quando ele sair tenha condições de enfrentar a concorrência no mercado de trabalho. E o estudo é a única maneira de deixa-lo em ‘pé’ de igualdade neste mundo tão competitivo”, destaca.
Condenado a 27 anos de prisão por tráfico de drogas, Jorge Luiz de Almeida Pinto Daher, 32 anos, conta que abandonou os estudos com 13 anos, quando começou a estudar à noite e passou a se envolver com coisas erradas. “Naquela época não dei valor aos estudos, mas hoje eu vejo a importância da educação”, afirma Jorge, que está fazendo faculdade à distância e pretende ter uma carpintaria quando sair.
A educação também está mostrando novas possibilidades para Bruno Aparecido Guimarães, 30 anos, condenado a 84 anos de prisão por tráfico de drogas, assalto e organização criminosa. “Aos 16 anos parei de estudar e comecei a fazer coisas erradas, não percebendo que eu estava entrando num buraco”, conta.
Bruno afirma que na APAC voltou a ter oportunidade de estudar e que agora vê novos horizontes se abrindo. “Estou fazendo curso de segurança do trabalho e pretendo fazer outros, para quando eu sair, poder trabalhar e nunca mais voltar”, diz.
A supervisora pedagógica, Jaciara Assis Barbosa, que pertence ao Colégio Estadual Presidente da Costa e Silva (Polivalente) e que leciona na APAC, afirma que os recuperandos têm um grande respeito pelos professores e que demonstram muita vontade de aprender. “Eles veem hoje como um pequeno passo, mas eles vão analisando a possibilidade de fazer uma faculdade e que o campo de trabalho é ampliado com os estudos. Eles tratam a questão escolar com muito respeito e dedicação”, salienta.
Dados da APAC mostram que cerca de 60% dos recuperandos, que concluem o Ensino Médio, fazem faculdade.
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